






Há aproximadamente 359 dias começava minha paranóia de busca por um animal nem tão comum e nem tão banal. (http://twitpic.com/l7hh7) Em vários momentos, diferentes pessoas me perguntavam: "Mas porquê um bezerro?", "Como você vai filmar isso?" ou ainda "Vilaverde, dá pra parar de bobeira?".
Deixo pra quem estuda simbologias explicar o significado do bezerro, mas as outras perguntas eu respondo. Filmamos em menos de dois dias, num sítio alugado em São Carlos, com uma câmera HD e uma equipe mais do que satisfatória, que levou a minha ideia a sério e percebeu que a história que eu tinha pra contar não se tratava de uma "bobeira".
Sabe, de alguma maneira, é estranho isso aqui, não saber como as coisas são ou como elas vão caminhar daqui pra frente. Há um ano atrás eu achei que estivesse preparado pra esperar muito mais tempo pro momento que chegou. Mas no começo desse semestre, eu percebi que não haveria mais tempo pra esperar. A viagem ao Rio se mostrou algo totalmente diferente do que eu imaginava, algo bem melhor, que fez com que eu crescesse e aprendesse em pouco tempo. Me trouxe novos amigos e novos olhares para o meu já presente bezerro cor de caramelo.
Não só confiança, mas orgulho de saber que eu estou no caminho certo, por mais que alguns possam desconfiar. Os três dias de Sal Grosso e poucos mais de "cidade maravilhosa" me ensinaram aquilo que eu já pensava pra mim, me ensinaram a ser um cineasta melhor.
Encontrar o bezerro cor de caramelo do Marvin foi como andar pra frente, como se tudo já estivesse pronto pra acontecer da maneira que foi. Não digo que as gravações foram perfeitas e que fiz tudo que queria fazer, e ainda que minhas escolhas tenham sido as melhores, mas foram as que precisavam ser feitas nesse momento.
Ainda não me sinto preparado pra ouvir críticas de uma coisa que cultivei tanto tempo dentro de mim, mas sei que elas virão e quando chegarem estarei pronto. Tanta gente me ajudou mais do que imaginam, com palavras, incentivos e trabalho, a única maneira que eu terei de agradecer é entregando um bom filme. Obrigado.
Ninguém Quer Brincar Comigo from fred burle on Vimeo.
Majestosa é a poesia daqueles que sabem escrever com o coração, pois se não soubessem não seriam poetas e sim escritores.
Eu queria ter sido um deles, queria ter sido aquele que as pessoas lêem e choram de emoção, e com o passar o tempo, guardam fundo no coração.
Por não ter sido, me cabe uma frustração. Mas ainda que aquela mais bela poesia que escrevi não tenha saído de minha mente e sim do papel de algum poeta, poeta verdadeiro, eu vivi feliz pelo tempo que me foi necessário para compreender que vivi feliz.
Por hora, me suspendo entre panfletos e pergaminhos, entre anjos e arcanjos, entre amigos ou não, no claro ou na escuridão, buscando um caminho que leve a perfeição de um coração abandonado em pleno altar.
Quando eu voltar, as coisas vão ser diferentes, eles me garantem e eu acredito, e nessas possibilidades sigo rindo, brincando, e levando a sério quando é necessário. Chega por hoje.
Lázaro, o falso poeta.
Janeiro chegou e janeiro terminou. Como num piscar de olhos as coisas aconteceram e o ano começa pra valer em breve, assim que o carnaval passar... Pela primeira vez as férias não serviram para descansar e esquecer do mundo, como sempre acontece, serviram para se preparar para o que está chegando: uma nova vida, numa nova casa.
A quase confirmada concretização da Brocolândia não poderia chegar em melhor hora, estamos prontos para produzir, essa é minha sensação. Estamos aperfeiçoados, o que devemos fazer agora é uma lapidação.
Em meio a enxurrada de vazio emitida pelos reality shows, a mente e os meios de comunicação parecem não funcionar, é preciso esforço para conseguir encontrar programas culturais interessantes, ainda mais com tanto calor, o que torna a praia bem mais atrativa e o sorvete bem mais saboroso do que a pipoca do cinema. Aliás, o ar-condicionado do cinema é uma boa pedida pro verão, pensando bem...
Programas de verão não incluem televisão, pelo menos não numa cidade do litoral. As ruas ficam mais lotadas do que os sofás, felizmente, mas ainda assim você escuta pelas rodas de conversa assuntos nada relevantes que se referem à televisão. O verão é a época de sair com os amigos e por isso o blog deu um tempo, com postagens feitas ocasionalmente, pois além de resolver pendências, nós queríamos nos divertir, mas depois do carnaval a coisa começa de vez, de uma forma mais atrativa e mais organizada, esperem que a coisa vai melhorar...
Sempre sonhei em morar num castelo, praticamente desde que eu nasci e vivi por quase onze anos em “Apuca”, meu mundo imaginário, onde não havia monstros e nem violência, a pior coisa que existe em “Apuca” são idiotas que eram personificados pelo meu irmão brigando comigo. Cresci com a vontade de ter um castelo moderno, cheio de empregados, com salas para diversão, quantos mais andares melhor.
Aos poucos, o castelo foi diminuído e, ao invés de querer viver lá com toda minha família, eu queria montar minha família, viver com meus filhos e receber meus amigos como convidados, queria balões para a inauguração e uma grande galeria de arte, além de uma sala de cinema. Sonhei muitas coisas enquanto fui criança, sonhos que não importavam a grandeza, eu queria realizá-los. Sonhei em estudar cinema e fazer cinema, hoje eu sonho em viver fazendo cinema. Enquanto cresci meus sonhos foram mudando, tornando-se ao mesmo tempo mais realizáveis e menos lúdicos.
Hoje em dia sonho apenas em poder receber os amigos, seja num castelo ou em um apartamento apertado perto da praia.
Se eu ganhasse dinheiro suficiente para morar num castelo, talvez ainda alimentasse essa idéia, mas ainda assim, hoje imagino corredores frios e vazios, as pessoas trancadas em seus quartos conversando pela Internet, talvez fosse melhor uma casa menor, mais aconchegante...
Os sonhos se modificam com o tempo, mas ainda bem que eu posso brincar com eles, brincar com as imagens que surgem na mente das pessoas e que cada vez mais me confundo entre real e imaginário. Talvez o único sonho que eu ainda tenha desde pequeno é sonhar com a magia do cinema, talvez eu consiga viver num castelo na tela grande e na sala escura e, talvez na vida real as coisas aconteçam calmamente sem grandes castelos e contos de fada.
Ou ainda posso comprar uma passagem pro parque temático do Harry Potter e conhecer a réplica do mundo que me tirou de “Apuca”. De qualquer jeito, meu maior castelo é ter conhecido algumas pessoas especiais com as quais compartilhei esse sonho...