Quando eu assisti Toy Story pela primeira vez, eu era muito pequeno, acho que nem entendia direito o que era aquilo, mas lembro de ter gostado ao ponto de ganhar uma fita VHS de presente de alguém que nem me lembro. Logo, quando lançaram o segundo filme, meu pai me levou ao cinema e dormiu na poltrona ao lado, enquanto aquelas imagens penetravam em minha cabeça para nunca mais sair.Um tempo depois, somando vários outros acontecimentos, eu percebia que era para aquilo que eu serviria, para fazer filmes, era o meu jeito de brincar pra sempre e nunca deixar de ser criança. Confesso que sempre tive um pouco de Peter Pan. Mas eu era prepotente ao ponto de achar que eu, ainda novo, sabia tanto quanto muitos outros adultos, pois talvez eu não conhecesse muitas pessoas que soubessem muito. Mas eu cresci, e hoje tenho consciência disso, sei que não posso brincar pra sempre. Sei também que não sei quase nada. Mas o que eu faço com a decisão que tomei ainda crinaça? Com a decisão de brincar pra sempre. É inegável que vou continuar fazendo cinema, é isso que eu faço, é isso que eu sei fazer. Mas também tenho toda minha infância guardada em pastas, armários, caixas e potes. Não guardei minha infância apenas dentro de mim, guardei materialmente também.

Não consigo me desapegar das minhas coisas materiais, apesar de viver feliz sem elas, preciso que elas estejam ali, guardadas. Já não sei o que fazer, são coisas demais, tenho medo de mexer em tudo isso, de brincar com meu passado, com minhas memórias de infância que para mim, eram perfeitas. É isso que Toy Story 3 faz.
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