sexta-feira, 10 de julho de 2009

Filmes que mudam a vida

Todo mundo grava na memória acontecimentos que fazem com que nossas vidas tomem outros rumos. Alguns se lembram do nascimento de um irmão, do falecimento de alguém, da chegada de bichinho de estimação, etc. Outros, como eu, guardam filmes. Porém isso não significa dizer que guardemos apenas filmes, pois acredito que isso seria totalmente insensível, mas existem alguns filmes que fazem com que nosso pensamento mude de direção, ou que nos conscientize de alguma coisa que estava na nossa cara. Para começar a minha lista, falarei logo de um dos meus favoritos: Toy Story. Lançado quando eu ainda tinha cinco anos, para mim foi incrível encontrar uma maneira de nunca me desfazer dos meus brinquedos, fosse por acreditar que eles ficariam tristes ou por começar a enxergá-los como personagens de uma futura história que eu contaria nas telas do cinema. Woody, Buzz e os demais despertaram uma mudança na minha forma de relacionar-me com os brinquedos e com as próprias brincadeiras, pois elas agora possuíam uma estrutura rude de um roteiro, com começo, meio e fim planejados antes e definição de quem seriam os mocinhos e os bandidos.

E foi dessa maneira que eu cresci enxergando cinema, com Toy Story como parâmetro, por mais que eu adorasse assistir O Rei Leão, Alladin e Cãezinhos Carinhosos. Mas as coisas começaram a mudar aos onze anos, quando eu já tinha uma pequena noção de que seguiria a carreira audiovisual de alguma maneira, pois assim como meus primos, eu era viciado no programa A Magia do Cinema que passava no Discovery. E foi através dos meus primos que o pequeno Harry Potter entrou na minha vida. Passou o primeiro, o segundo e o terceiro e os filmes traziam um encantamento fantástico, me fascinando por completo, mas foi com a chegada do quarto filme e quando eu assisti ao making off da produção que decidi: é isso que eu quero pra mim; naquela época eu ainda pensava em trabalhar naquele filme, eu queria fazer Harry Potter! Motivado pelo bruxo, eu começava a estudar para fazer cinema, criava meu próprio repertório de filmes, e assim vieram Uma Mente Brilhante, Inteligência Artificial, Senhor dos Anéis e vários outros filmes que divertiram minha adolescência, até que chegou a hora de entrar para a faculdade, e eu já tinha certeza do que fazer.

E logo numa das primeiras aulas de cinema, eu me vejo assistindo Ganga Bruta, eu não tinha noção alguma do que eu estava fazendo ali. Aquele filme me parecia horrível, chato, cansativo, mas mudava completamente o meu parâmetro de filme dali por diante, foi o pontapé inicial para uma nova visão, uma visão mais apurada, com mais conhecimento; não que eu tenha gostado daquele filme, mas depois dele, chegaram até mim às chanchadas da Atlântica, a Vera Cruz, Glauber e o Cinema Novo, o bandido e o Cinema Marginal e toda uma série de filmes que ainda não pararam de aparecer e que foram me ajudando a criar um repertório mais apurado.

No meio desse turbilhão de informação, fora do contexto acadêmico, apareceria um dos filmes que talvez tenha mais mudado minha forma de olhar o mundo. Simples, sintético, romântico, inteligente, limpo, bonito: Apenas uma Vez, já nem lembro se foram as músicas, as imagens ou se todo o conjunto, mas fui tocado de uma maneira que talvez tudo que eu faça de cinema depois desse filme possua alguma coisa dele. Fui arrastado e cai lentamente num mundo irlandês, busquei as músicas da banda The Frames e vieram filmes como Meu Pé Esquerdo e P.S. Eu te Amo.

Empolgado pelos musicais, uma prima me apresentaria nada mais do que The Beatles, não que eu não conhecesse, mas nunca havia tido interesse. Across The Universe relembrou em mim uma cumplicidade que eu tinha com aqueles que haviam compartilhado comigo o prazer de assistir A Magia do Cinema no Discovery e, ainda despertou o interesse pela pesquisa que vai além do filme, pois agora eu sentia necessidade de conhecer o que deu origem a obra. Então, meu olhar se voltou novamente ao mundo acadêmico e aqueles filmes que me pareciam estranhos passaram a se tornar objetos de estudo mais interessantes. Mas um deles, me fez perceber que é preciso muito cuidado, pois nem sempre o que nos é apresentado no contexto acadêmico é de toda admiração, pois uma interpretação forçada de Um Filme Falado acendeu o alerta de que meus olhos e ouvidos deveriam estar bem mais apurados.

Pois então, se meus olhos e ouvidos estiverem mesmo mais apurados, tenho muito medo do que poderá vir em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, pois será uma retomada da minha visão de filmes na infância e adolescência através de olhos mais críticos, mais desconfiados. A ansiedade em saber o que foi preparado é grande. Mas usando um raciocínio lógico eu consigo pensar em assistir com menos receio, pois assim como o meu olhar foi mudando, o olhar do público de Harry Potter também deve ter mudado e eles não cometeriam o erro banal de tentar atingir o público infantil de hoje em dia, já tendo conquistado grande parte do público infantil do passado. Só me resta esperar.

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